A 45 dias do início da campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expõe disputas com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e com o prefeito da maior cidade do país, Ricardo Nunes (MDB). No sábado, o presidente esteve na capital paulista para anunciar investimentos federais na ampliação da linha 5-Lilás do metrô. O evento aconteceu no Jardim Ângelo, na Zona Sul. Porém, devido à ausência de gestores locais, Lula não assinou o documento com o compromisso de investimento.
O petista afirmou que a decisão de não formalizar a participação da União na obra foi da Caixa Econômica Federal e do ministro das Cidades, Jader Filho. “Eu queria assinar o contrato da estação de metrô para chegar aqui, mas o prefeito que nos deu o terreno não veio, e o governador… Então, a Caixa e o Ministro das Cidades decidiram não assinar, porque é importante fazer isso com o prefeito e com o governador”, disse.
O presidente reforçou declarações anteriores, nas quais afirma que os investimentos do governo federal não levam em conta os partidos de outros gestores. “Para nós, quando queremos fazer investimento, crédito, não nos preocupamos com o partido do governador, nos preocupamos se o povo daquele estado precisa disso. Trazer o metrô para cá é uma necessidade para dar conforto”, disse Lula .
A União deve repassar R$ 1,7 bilhão a São Paulo para a expansão do metrô. A previsão é que sejam construídas duas estações, além de um instituto federal. Os recursos fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), um dos grandes trunfos políticos e sociais de Lula, que há meses já sinaliza uma tentativa de reeleição dentro de dois anos, nas eleições gerais. Atualmente, é militante eleitoral de Guilherme Boulos, pré-candidato a prefeito, concorrente direto de Nunes.
O presidente chegou a ser multado em R$ 20 mil por fazer campanha antecipada para Boulos em eventos oficiais. Tarcísio pode ser o principal adversário de Lula em 2026. Ele é visto como o nome mais forte do núcleo bolsonarista para concorrer com o PT. Apesar de ter sido ministro no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, Tarcísio se aproximou do ex-presidente Jair Bolsonaro nos últimos anos e conquistou eleitores de direita.
A disputa eleitoral em São Paulo é acirrada, com Boulos e Nunes praticamente empatados nas principais pesquisas. A campanha começa, na verdade, no dia 16 de agosto. Porém, o cenário de disputa vem surgindo desde o início do ano. São Paulo é a prefeitura mais importante do país. O estado tem um PIB trilionário e sustenta uma população de 44 milhões de pessoas, o que o torna uma massa eleitoral extremamente relevante para definir os rumos políticos do país.
Agenda no Rio
Após confrontos políticos em São Paulo, o presidente Lula dedicou o domingo à visita ao Rio de Janeiro e ao fortalecimento de seu aliado no estado, o prefeito Eduardo Paes. Ambos participaram das cerimônias de inauguração das primeiras unidades do Morar Carioca na favela do Aço, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio. O presidente tem intensificado suas visitas pelo país para fortalecer nomes e aliados do PT para as eleições deste ano.
Em seus discursos, Lula elogiou Paes. “Tenho muitos amigos de prefeitos, mas queria dizer que estou aqui diante do possivelmente melhor gestor municipal que este país já teve, que é Eduardo Paes. O Rio de Janeiro é a cara do Brasil. Ipanema, Copacabana, do Cristo Redentor, e agora eles lembram do Dudu”, disse.
O presidente citou o ex-governador Sérgio Cabral, investigado em dezenas de casos. “Esse cara e eu não nos dávamos bem. Não conhecia o Eduardo, mas sabia que, como deputado, ele me batia muito. Em 2008, quando eu já era presidente da República, o governador do Rio de Janeiro me apareceu com essa figura e me perguntou: ‘Presidente Lula, estou aqui com o candidato Eduardo Paes. Seria importante para nós ajudá-lo a vencer as eleições'”, disse Lula.
FRASE
Tenho muitos amigos de prefeitos, mas queria dizer que estou aqui diante do possivelmente melhor gestor municipal que este país já teve, que é o Eduardo Paes. Rio de Janeiro é a cara do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República
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