Com a retirada do sigilo da investigação que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro por associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro no caso de envio e venda ilegal de joias sauditas ao exterior, fica clara a dimensão do esquema identificado pela Polícia Federal. O relatório final da corporação, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), afirma que o objetivo final do ex-chefe do Executivo e de outros 11 supostos envolvidos era desviar R$ 6,8 milhões com a venda dos itens. Inicialmente, a PF dizia R$ 25 milhões, mas corrigiu o número.
Os investigadores afirmam que os recursos podem ter sido usados para pagar a estadia de Bolsonaro e sua família nos Estados Unidos. No final de 2022, quando já tinha perdido as eleições, viajou, no avião presidencial, para o país norte-americano. Lá permaneceu por três meses, retornando ao Brasil em março de 2023, quando já era acusado de ter incitado os atos golpistas de 8 de janeiro.
“A análise contextualizada da movimentação financeira de Jair Messias Bolsonaro no Brasil e nos Estados Unidos demonstra que o ex-presidente, possivelmente, não utilizou recursos financeiros depositados em suas contas bancárias no Banco do Brasil e no BB América para cobrir suas despesas durante sua estadia no Estados Unidos, entre 30 de dezembro de 2022 e 30 de março de 2023″, afirmou o relatório.
Ainda segundo o documento, “este fato indica a possibilidade de que os recursos obtidos com a venda ilícita de joias desviadas do acervo público brasileiro, que, após os atos de lavagem especificados, tenham retornado, em espécie, ao patrimônio do ex-presidente, poderão foram usados para cobrir despesas em dólares de Jair Bolsonaro e sua família, enquanto permaneceram em solo norte-americano.”
Segundo as investigações, as peças foram vendidas em casas de penhores nos Estados Unidos, e os valores repassados a Bolsonaro. No documento entregue no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, a corporação afirma categoricamente que o ex-presidente tinha pleno conhecimento do esquema criminoso.
Segundo os investigadores, Bolsonaro recebeu US$ 25 mil em dinheiro pela venda de itens. O valor teria sido entregue por Mauro Lorena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do então presidente.
Para fundamentar as acusações, a PF incluiu no documento cópias de comprovantes de transferências bancárias de contas vinculadas a Mauro Lorena Cid. As investigações apontam que as contas do pai de Cid eram utilizadas para transferir os valores obtidos com a venda de peças de luxo.
US$ 25 mil
O dinheiro teria sido sacado nos Estados Unidos e levado ao Brasil para ser entregue a Bolsonaro. “As provas colhidas demonstraram que Mauro Cesar Lourena Cid recebeu, em nome e em benefício de Jair Messias Bolsonaro, pelo menos 25 mil dólares, que teriam sido repassados em espécie ao ex-presidente, visando deliberadamente não passar pelo controle mecanismos e o sistema financeiro formal”, destacou a PF. “Os dados indicam ainda a utilização de conta bancária, provavelmente vinculada a Lourena Cid, para movimentação de valores, que podem ser provenientes da venda de outros itens ainda não identificados, recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e desviados do acervo público brasileiro por investigados .”
Os agentes enfatizaram que o transporte de dinheiro é uma prática típica de organizações criminosas que tentam dificultar o trabalho investigativo e mascarar a lavagem de dinheiro, na tentativa de garantir que a fraude não seja descoberta. “A utilização de dinheiro para pagar as despesas do quotidiano é uma das formas mais comuns de reintegrar o ‘dinheiro sujo’ na economia formal, com aparência legal”, acrescenta o documento.
A PF identificou semelhanças entre diversas investigações envolvendo o ex-presidente. Para a corporação, há correlação com a viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos, a venda de joias sauditas, a falsificação de dados de vacinação para permitir a entrada em país estrangeiro e a incitação a ataques contra instituições democráticas e tentativas de desacreditar o papel das instituições . como falsas acusações contra a Justiça Eleitoral.
Próximos passos
Na decisão que tirou o sigilo do processo, Moraes deu prazo de 15 dias para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestasse sobre o caso. Porém, como o Judiciário está em recesso até o final de julho, é possível que a resposta demore mais para ocorrer.
Apesar da suspensão das atividades e dos prazos processuais, Moraes está em regime de plantão e, caso o Ministério Público Federal (MPF) responda, a ação poderá ser seguida imediatamente.
A PGR pode apresentar denúncia contra Bolsonaro e os demais, o que, se acatado, fará com que os investigados se tornem réus em uma ação penal. Outra opção é solicitar mais informações ou oferecer um acordo de não acusação — quando os alvos admitem a culpa em troca de uma pena menos severa e da liberdade de possíveis detenções. Existe também a possibilidade de o órgão solicitar o arquivamento.
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
imagem de empréstimo
como conseguir crédito no picpay
picpay instalar
cred rápido
banco noverde
noverde whatsapp
siape consignação
bk bank telefone
apk picpay
consignado inss bancos
px significado