No relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o esquema criminoso supostamente criado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para vender joias sauditas no exterior, a Polícia Federal afirmou inicialmente que foram repassados R$ 25 milhões. Esse valor foi calculado com a conversão de US$ 4 milhões —com base no valor dos itens preciosos. Porém, a corporação posteriormente admitiu um erro e afirmou que o valor total repassado foi de R$ 6,8 milhões.
A falha no relatório da corporação foi usada por Bolsonaro para tentar desacreditar as investigações. “Aguardamos muitas outras correções. A última será aquela dizendo que todas as joias ‘desviadas’ estão na CEF (Caixa Econômica Federal), acervo ou PF, inclusive armas de fogo”, escreveu o ex-presidente nas redes sociais.
Ele relembrou as investigações sobre o esfaqueamento que recebeu de Adélio Bispo, em 2018, em Minas Gerais. “A PF aguarda para se posicionar no caso Adélio: ‘Quem foi o mandante?’. Uma dica: o delegado responsável pela investigação é o atual diretor de Inteligência”, acrescentou. No entanto, a investigação do ataque já foi concluída. A corporação afirmou que Adélio agiu sozinho e que sofre de transtornos mentais.
A defesa de Bolsonaro também se posicionou sobre a investigação das joias. Em nota, ele alegou que o cliente não era responsável por definir quem e onde os itens seriam guardados. “Os presentes oferecidos a um Presidente da República obedecem a um rigoroso protocolo de tratamento e catalogação, sobre o qual o Chefe do Executivo não tem interferência direta ou indireta, sendo desenvolvido pela Subsecretaria de Documentação Histórica (Gadh), responsável por analisar e definir, com base em os parâmetros legais, se o bem será destinado à arrecadação pública ou à arrecadação particular de interesse público da Presidência da República. Esse cargo, claro, é composto por servidores de carreira que, em espécie, vieram. . administrações anteriores”, enfatizou o texto.
Os advogados sustentam que outros ex-presidentes também receberam presentes e não foram investigados. “No decorrer desta mesma investigação — repito, estranhamente dirigida apenas ao ex-presidente Bolsonaro —, houve uma representação pela inclusão do atual presidente da República, tendo em vista as suas próprias declarações de que, quando no cargo, foram recebidas um relógio da sofisticada marca Piaget, apresentado pelo ex-presidente da República Francesa Jacques Chirac”, refere o comunicado.
Em outro trecho, a defesa questiona a legitimidade do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, alegando que é “evidente incompetência do Supremo Tribunal Federal e falta de qualquer prevenção do ministro Alexandre de Moraes” para conduzir o investigação.
Por fim, afirmam que “a defesa manifesta sua total indignação pelo fato de o laudo apresentado pela Polícia Federal ter imputado — de forma temerária e desprovida de qualquer base fática ou mercadológica — que o ex-presidente tenha tentado se beneficiar de valores registrados em a absurda ordem de R$ 25.000.000,00, afirmação que, somente após enorme e prejudicial repercussão midiática, foi retificada pela Polícia Federal”.
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