Na nova etapa da investigação sobre o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em esquema de espionagem ilegal, a Polícia Federal prendeu quatro suspeitos de trabalhar no chamado gabinete do ódio no governo Bolsonaro. A corporação disse ainda ter localizado um áudio gravado pelo ex-diretor da entidade e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), a respeito de uma reunião em que a blindagem do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex- presidente, na investigação das fissuras.
No encontro, segundo investigações, além de Ramagem, estavam o então presidente Jair Bolsonaro; seu Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; e um advogado de Flávio.
O relatório do inquérito, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), destaca que a reunião ocorreu em 2020. Na época, Flávio lidava com a acusação de ter se apropriado de parte do salário de funcionários de seu gabinete quando era estado deputado no Rio. A suspeita começou após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras da Receita Federal apontar movimentações bancárias suspeitas por parte do parlamentar.
Segundo a PF, no encontro foram discutidas estratégias para tentar blindar Flávio das investigações. A gravação tem duração de uma hora e oito minutos e está descrita no documento enviado ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes. No momento da reunião, o atual senador Sergio Moro (União-PR) era ministro da Justiça. Ele deixou o cargo acusando Jair Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal para proteger seus filhos. Uma investigação aberta sobre o caso concluiu que não foi possível provar a interferência.
As investigações indicam que a chamada Abin Paralela seria usada para “encontrar maus” servidores da Receita Federal, para que fossem afastados, e isso seria usado na defesa de Flávio. A ideia teria partido da Ramagem. A PF destaca que o esquema foi colocado em prática.
Segundo a corporação, Ramagem destaca que “seria necessária a instauração de um procedimento administrativo contra os auditores da Receita Federal, com o objetivo de anular a investigação, bem como o afastamento de alguns auditores dos respectivos cargos”.
Na ação desta quinta-feira, 6ª fase da Operação Last Mile, a PF prendeu preventivamente o policial federal Marcelo Bormevet e o soldado do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues, que trabalhava com Ramagem na Abin. Richards Pozzer e Mateus de Carvalho Spósito também foram presos, sob suspeita de integrarem o chamado “gabinete do ódio”, que espalha mentiras nas redes sociais contra o adversário de Jair Bolsonaro. As ações aconteceram em Brasília, Curitiba, Juiz de Fora (MG), Salvador e São Paulo.
As investigações indicam que os envolvidos espionavam ministros do Supremo, jornalistas, advogados, personalidades e entidades críticas ao governo da época.
Segundo as investigações, integrantes dos Três Poderes e jornalistas foram alvos das ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas. Os investigadores apontam ainda que “a organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos telefônicos e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos”.
Entre os alvos estavam o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que era visto como aliado de Bolsonaro; Os ministros do STF Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Dias Toffoli e Luiz Fux, entre outros. Todos foram monitorados de perto usando o software israelense First Mile.
Procurado pelo Correio, Ramagem, que é pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro, não respondeu aos questionamentos. Jair Bolsonaro também não comentou. Flávio Bolsonaro afirmou que foi vítima de criminosos que acessaram seus dados na Receita Federal.
“Quando fui vítima de criminosos que acessaram meus dados na Receita Federal, eles conseguiram usar isso para usar a Abin para me ajudar de alguma forma. Obviamente fui vítima de um crime cometido por pessoas dentro da Receita Federal”, sustentou. . Segundo o parlamentar, “isso não tem nada a ver com a minha defesa jurídica na época em relação às informações processuais”. “Então, nada a ver com nada da Abin. Agora não posso exercer meus direitos, que isso seja usado contra mim? Não vou aceitar isso”, completou.
O espionado
Veja quem eram os alvos da Abin Paralela, segundo a PF:
>>Judiciário
Ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.
>> Legislativo
Os deputados Arthur Lira (presidente da Câmara dos Deputados) e Kim Kataguiri (União-SP) e os ex-deputados Rodrigo Maia (então presidente da Câmara) e Joice Hasselmann.
Os senadores Alessandro Vieira (MDB-SE), Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).
>> Jornalistas
Mônica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira, Pedro César Batista.
>> Outros
O ex-governador de São Paulo João Doria, os funcionários do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges, os auditores da Receita Federal Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
imagem de empréstimo
como conseguir crédito no picpay
picpay instalar
cred rápido
banco noverde
noverde whatsapp
siape consignação
bk bank telefone
apk picpay
consignado inss bancos
px significado