O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou, nesta segunda-feira (15/7), o sigilo de um áudio em que o ex-presidente Jair Bolsonaro discute com o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem , hoje deputado federal, um plano para blindar o senador Flávio Bolsonaro (PL-SP) na investigação de um esquema de crack.
Além de Ramagem, o ex-presidente também conversou com o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), sobre a investigação que trata de uma possível cisão envolvendo seu filho. A gravação foi coletada pela Polícia Federal durante a investigação da “Abin paralela”, que investiga o uso do corpo para espionagem ilegal durante o governo Bolsonaro.
A gravação de 1 hora e 8 minutos teria sido feita pelo próprio Ramagem durante reunião com Bolsonaro. Na conversa interceptada, o ex-diretor da Abin propõe a abertura de processo administrativo contra os fiscais que investigaram Flávio para anular as investigações, e Bolsonaro concorda. A estratégia foi colocada em prática e o processo contra Flávio foi aberto em 2022.
“Neste áudio é possível identificar a atuação de Alexandre Ramagem indicando, resumidamente, que seria necessária a instauração de processo administrativo contra os auditores da Receita Federal com o objetivo de anular a investigação, bem como afastar alguns auditores de seus respectivos cargos ”, afirma a POLÍCIA FEDERAL.
As rachaduras de Flávio Bolsonaro
As suspeitas envolvendo Flávio Bolsonaro vieram à tona no final de 2018 com a revelação de um relatório do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontando grandes movimentações de recursos de Fabrício Queiroz, que era funcionário de seu gabinete na Alerj.
Queiroz, amigo de longa data da família Bolsonaro, é acusado pelo Ministério Público de ser o operador do esquema de crack —ou seja, seria responsável por administrar a contratação de funcionários fantasmas, a arrecadação de salários e o repasse destes equivale ao filho do presidente.
Os promotores afirmam ter provas de que esse dinheiro foi usado por Queiroz para pagar contas da família de Flávio, como planos de saúde ou mensalidades escolares de suas filhas. Além disso, dizem que parte dos recursos desviados foi branqueada através de investimentos em imóveis e através de uma loja de chocolates que o senador possuía em um shopping no Rio de Janeiro.
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