IA não traz nenhum benefício para a sociedade, afirma ativista Sage Lenier

Por Joseph Boyle – As empresas tecnológicas nunca param de promover produtos com Inteligência Artificial (IA), mas esta tecnologia é “inútil”, insustentável e cria “uma crise existencial” para o setor, afirma o ativista ambiental Sage Lenier.

Um discurso divergente na Web Summit, que reúne em Lisboa a elite das empresas emergentes e investidores em novas tecnologias.

“A IA não traz nenhum benefício para a sociedade”, disse o americano em entrevista ao AFP.

A ativista ficou conhecida em 2018, aos 19 anos, quando criou um curso na Universidade de Berkeley (Califórnia) intitulado “Soluções para um Futuro Justo e Sustentável”, no qual centenas de estudantes se inscreveram.

Desde então, Lenier fundou uma associação nos mesmos moldes e espera criar uma série documental sobre o tema.

“Alguns de vocês podem ser considerados os arquitectos, directamente responsáveis, pela crise ecológica”, disse ele aos empresários no seu discurso no Web Summit do ano passado.

Lenier defendeu que a economia circular, que aposta na reciclagem e na reutilização, está no centro da estratégia dos líderes tecnológicos, cujos produtos muitas vezes acabam no lixo, contribuindo para o desperdício.

Um apelo pouco ouvido, uma vez que gigantes como a Microsoft, a Google e outros continuam a produzir produtos impulsionados pela IA, uma tecnologia extremamente intensiva em energia que parece colocar em risco os seus objetivos de neutralidade carbónica.

Para satisfazer as suas crescentes necessidades de energia eléctrica, especialmente as dos seus centros de armazenamento de dados, as grandes empresas recorrem cada vez mais à energia nuclear.

Emissões desperdiçadas

A Inteligência Artificial “é terrível para o planeta. É terrível para as comunidades que vivem onde estão instalados os data centers. É simplesmente um desperdício de emissões de carbono”, denuncia o activista.

Com a ascensão da IA, juntamente com o impacto de outras indústrias, Lenier prevê um futuro sombrio.

“A situação vai piorar rapidamente. A cadeia alimentar será quebrada. Assistiremos à desnutrição em massa e até à fome”, alerta.

O sistema elétrico também deve entrar em colapso.

“Não podemos ter carros a longo prazo. Não importa se são elétricos ou não. Não são sustentáveis”, destaca.

“Não podemos continuar a produzir 80 mil milhões de peças de roupa por ano num futuro com baixas emissões de carbono”, conclui.