Nasser Allam*
Em um esforço para expandir a aplicação da técnica de Estimulação Magnética Transcraniana de Repetição (EMTr), os cientistas estão pesquisando maneiras de garantir uma melhor qualidade de vida para pacientes neurológicos, como aqueles que tratam de depressão, doença de Parkinson, obesidade, dores crônicas e doenças neuromusculares. O estudo, fruto de uma parceria entre pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Aalto, na Finlândia, aprimorou a prática por meio da associação entre robótica e neuronavegação, trazendo conforto, precisão e praticidade aos pacientes.
A fisioterapeuta neurológica Juliana Marins Ribeiro, da clínica Integrativa, explica que a eficácia das terapias de EMTr é baseada na neuromodulação. Segundo ela, a técnica abrange qualquer estímulo que, ao atingir o sistema nervoso, seja capaz de modificar o funcionamento dos neurônios. O tratamento permite a estimulação elétrica de regiões específicas do cérebro, dependendo da condição a ser tratada. O profissional destaca que “a neuromodulação não invasiva refere-se a técnicas capazes de modificar a atividade dos neurônios por meio de um campo eletromagnético”.
Apesar de sua eficácia comprovada, os equipamentos de EMTr apresentam barreiras. Segundo o estudo publicado na Brain Stimulation, essas máquinas são pesadas e têm alcance limitado, por isso seu posicionamento precisa ser muito preciso na cabeça do paciente. Ambos os aspectos dificultam o manuseio do dispositivo, bem como a necessidade de auxílio de profissionais altamente treinados para a operação.
Para superar os impasses, Renan Matsuda, primeiro autor do estudo, e uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Biomagnetismo da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma plataforma robótica para tornar a EMTr mais segura e precisa, aprimorando a técnica existente. é descrito como um robô e câmeras que localizam pequenas regiões cerebrais.
“A grande vantagem da plataforma robótica é que o estimulador acoplado ao braço robótico garantirá que estaremos sempre estimulando com precisão os locais desejados”, acrescenta Matsuda. “Diante da informação prévia sobre qual área será estimulada, ela pode ser posicionada e, ao longo da sessão, a máquina compensa os movimentos que o paciente eventualmente realiza”, destaca.
A plataforma foi testada em três voluntários da Universidade Aalto, gerando mapas motores de seus cérebros. Para o pesquisador, uma grande vantagem é a portabilidade: “O robô é relativamente pequeno e compacto, se comparado aos robôs industriais. Portanto, pode ser facilmente movimentado entre salas ou centros, trazendo melhorias para a logística”.
A plataforma possui código aberto para aplicações eletrônico-robóticas, disponíveis para acesso gratuito. Tadeu Perona, professor de automação e robótica do IBMEC-MG, afirma que “para este projeto, o software aberto permitiu aos desenvolvedores acessar o código existente que foi customizado para a neuronavegação do robô. projeto”.
O sistema é aberto para desenvolvimento, disponível gratuitamente na plataforma GitHub, acessível para qualquer pessoa baixar, acessar e ver o que já foi desenvolvido. A expectativa dos pesquisadores é que a comunidade científica melhore aspectos como a interface gráfica e as habilidades sistemáticas.
O procedimento
A EMTr é um procedimento que induz uma corrente elétrica que atinge os neurônios e os modula dependendo da patologia a ser tratada. Uma das limitações é a precisão quanto ao alvo e foco que será estimulado. Com a neuronavegação e o uso da robótica proposta no estudo, é possível localizar muito melhor o ponto certo, para que durante as aplicações, que são de 10 a 20, não haja distorções ou variabilidade. O problema que vejo na utilização deste equipamento é o custo. A esperança é que o preço do robô seja compatível com o procedimento e com o custo que o acordo contribui para sua aplicação.
Neurologista, Doutor em Neurociências e responsável técnico pela Neurologistas Associados (NA)*
*Estagiário sob supervisão de Renata Giraldi
Olho
É como se a plataforma fosse o GPS das áreas do cérebro a serem tratadas. Pode ser possível reduzir o número de sessões de um protocolo ou obter resultados mais rápidos.
Palavra de especialista
A EMTr é um procedimento que induz uma corrente elétrica que atinge os neurônios e os modula dependendo da patologia a ser tratada. Uma das limitações é a precisão quanto ao alvo e foco que será estimulado. Com a neuronavegação e o uso da robótica proposta no estudo, é possível localizar muito melhor o ponto certo, para que durante as aplicações, que são de 10 a 20, não haja distorções ou variabilidade. O problema que vejo na utilização deste equipamento é o custo. A esperança é que o preço do robô seja compatível com o procedimento e com o custo que o acordo contribui para sua aplicação.
Nasser Allam
Neurologista, Doutor em Neurociências e responsável técnico pela Neurologists Associados (NA)
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