O número de brasileiros que chegaram a destinos nos Estados Unidos cresceu 32%, atingindo 1,62 milhão de viajantes em 2023. Esse grupo aumenta a cada ano e tende a ter um pico significativo em 2026, quando o país será um dos três anfitriões do Copa do Mundo de Futebol. A boa notícia para quem sonha em ver as disputas é a redução significativa das filas nos consulados para renovação e obtenção do primeiro visto.
Anteriormente considerado um dos piores adversários do turismo nos EUA, o tempo de espera para agendamento de entrevistas para vistos de turismo e negócios (B1/B2), em geral, não ultrapassa dois meses – no caso de processos desnecessários de renovação de entrevista presencial , esse período é reduzido para um mês. Os vistos de outras categorias, como os específicos de estudante (F1 ou J1) e de trabalho temporário (H1-B) também são aprovados em prazos reduzidos.
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O processo para obtenção do visto, porém, ainda requer atenção. Para conhecer os principais obstáculos e aumentar as chances de sucesso, a melhor estratégia é escolher um time que já tenha entrado inúmeras vezes neste campo e conheça todas as regras deste jogo. “A primeira e mais importante orientação que damos é informar sempre a verdade”, explica Adriana Santos, gerente de Vistos Consulares Schultz.
A empresa atua há quase 40 anos e atendeu mais de dois milhões de passageiros em diversos destinos. “No Brasil, a maior procura ainda é pelo visto norte-americano e, com a normalização dos serviços consulares, os agendamentos são rápidos”, afirma Adriana. Independentemente do motivo da viagem, avisa quem pretende obter ou renovar o documento. “É preciso estar atento ao processo, pois detalhes aparentemente inofensivos podem ser decisivos”, afirma.
Começando pelo preenchimento do DS-160. “Muitos pensam que é apenas um formulário, mas é um documento oficial. As informações são arquivadas na imigração e estão sujeitas a investigação. Por isso orientamos os passageiros a não mentirem em hipótese alguma”, afirma.
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Processos criminais ou civis podem resultar em respostas negativas. Já ter o nome no Serasa, condição que muitos temem que influencie na obtenção do visto, não é considerada. “O que vale é o solicitante comprovar que tem vínculo no Brasil e condições financeiras para se sustentar durante a viagem”, afirma. No caso de renovações, um possível histórico de infrações de trânsito em viagens anteriores pode trazer desafios adicionais. “Se o episódio gerasse boletim de ocorrência ou envolvesse tribunal, poderia impactar no processo de renovação”, afirma.
Mudança de regra a partir de 2025
E, por falar em renovação, Adriana alerta para uma possível mudança de regras. Até 31 de dezembro deste ano, pessoas com vistos vencidos por até 48 meses poderão renová-los sem necessidade de entrevista pessoal. “Essa medida foi criada durante a pandemia como forma de diminuir as filas nos consulados, mas o governo dos EUA já determinou que poderá voltar à regra aplicada até 2020 que apenas isentava titulares de vistos vencidos há no máximo 12 meses de uma entrevista pessoal. “, revela.
O profissional reforça que as recomendações valem para quem planeja assistir aos jogos, para quem quer estudar, trabalhar ou viajar a turismo nos EUA. Cada caso é um caso e, para cada situação, Schultz traçou o caminho com maiores chances de sucesso. “Procuramos olhar tudo do ponto de vista do consulado e antecipar as demandas, mas quem determina se concede o visto é o oficial”, finaliza Adriana.
O gestor da Schultz respondeu às principais dúvidas e compartilhou orientações essenciais para aumentar as chances de sucesso na solicitação do visto. Confira os destaques:
1. Confusão com vistos de estudante
Brasileiros que vão aos Estados Unidos para fazer graduação, pós-graduação ou residência médica normalmente solicitam vistos F1. “Caso o cônjuge e filhos até 20 anos queiram acompanhá-los, têm direito ao visto F2. Se o aluno for menor de idade, ele consegue o F1, mas neste caso não há visto de acompanhante para os pais”, afirma Adriana, reforçando que essa é uma confusão muito comum. “Se os pais quiserem ficar juntos, precisam se matricular em algum curso e conseguir o próprio visto F1”, acrescenta.
2.Tenho um visto B1/B2 válido. Posso usá-lo para estudar nos EUA?
Caso o curso desejado tenha carga horária de até 18 horas semanais, o visto B1/B2 poderá ser utilizado. Para programas de ensino superior é imprescindível ter o visto F1. Adriana alerta para uma situação comum entre os brasileiros: entrar nos EUA com B1/B2 e mudar durante a viagem. “Isso não causará problemas imediatos, mas causará complicações no futuro”, acrescenta. Na próxima renovação, o solicitante deverá explicar ao oficial os motivos que o levaram a entrar no país com uma situação de visto e sair com outra. “Se houvesse intenção de fazer curso, ele teria que sair do Brasil com o visto correto. O consulado geralmente não vê isso com bons olhos”, lembra ela.
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3.Regras para cônjuges e filhos de expatriados
Brasileiros contratados para trabalhar em empresas nos Estados Unidos normalmente se qualificam para vistos H1 ou L1. “Nesses casos, o cônjuge e os filhos menores de 20 anos estão autorizados a residir no país, por meio do visto H4”, detalha Adriana. Ela reforça que é preciso comprovar a situação do relacionamento com certidão de casamento ou documento público de união estável, registrado em cartório, e lembra que os acompanhantes podem matricular-se no ensino médio e fazer cursos gratuitos. Porém, é proibido matricular-se em programas de especialização ou trabalhos. “Ele não pode ser, ao mesmo tempo, marido de uma expatriada e diretor de uma empresa”, afirma.
4. Dispensa de entrevista para menores de 13 anos e maiores de 80 anos
O pedido de dispensa de entrevista presencial na concessão de visto a menores de 13 anos é aceito em duas ocasiões: se o pai ou a mãe possuir visto norte-americano válido ou se um deles estiver em processo de renovação com seu filho. “Caso não exista uma dessas condições, o menor deverá realizar entrevista presencial com o funcionário consular”, explica Adriana. Para candidatos com mais de 80 anos, Schultz sugere a apresentação de um processo SPP para solicitar isenção da entrevista. “Podemos representar esses clientes, entregar os documentos e aguardar o retorno do consulado com o visto concedido. A entrevista só será solicitada caso haja alguma dúvida em relação às informações prestadas”, afirma.
5.Já possuo visto B1/B2. Preciso agendar uma entrevista de renovação?
Depende. Pela regra atual, passageiros com vistos vencidos há até 48 meses não precisam passar por entrevista presencial em solicitações feitas antes de 31 de dezembro de 2024. Isso não se aplica, porém, a quem solicitou o primeiro visto há 10 anos. quando tinham a mesma idade ou menos de 16 anos e igual ou superior a 66 anos. “Eles se enquadravam na regra de isenção anterior, o que significa que esses passageiros, atualmente com 26 anos ou menos e 76 anos ou mais, não passaram pelo processo de entrevista e não coletaram sua biometria”, revela Adriana. Ressalta-se ainda que mesmo nos casos em que a entrevista pessoal seja inicialmente dispensada, o funcionário consular, ao analisar o pedido, poderá solicitar ao requerente uma entrevista pessoal e, neste caso, o requerente deverá agendar uma entrevista pessoal e comparecer em ao Consulado com seus documentos que comprovem vínculo com o Brasil.
6. O visto foi negado. Quando devo entrar com uma nova ação judicial?
O gestor do Schultz reforça que não existe uma resposta certa para essa pergunta. “É muito relativo, então procuramos conhecer esse passageiro, entender as perguntas que o consulado fez, as respostas que ele deu na hora e avaliar o que mudou no cenário desde a primeira entrevista. Só assim poderemos orientá-lo quanto à data para ingressar com um novo processo”, argumenta Adriana.
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7. Visto para acompanhantes exige cuidados extras
Segundo Adriana, aumentaram as recusas de emissão de vistos para acompanhantes. Profissionais que possam exercer as funções de babá, motorista, cozinheira, enfermeira e tenham seus vistos B1 vinculados ao nome de seus empregadores. “Acreditamos que a negação é causada pela desobediência à lei norte-americana”, explica. Isso porque esse tipo de visto está vinculado a um contrato que segue as leis trabalhistas dos EUA exigindo, por exemplo, o pagamento de uma taxa horária e folga durante a viagem. “O valor é superior ao salário desses profissionais no Brasil, por isso muitos empregadores acabam não pagando e na hora de renovar o visto do acompanhante o consulado pede o comprovante de pagamento em dólares da viagem anterior e caso não seja apresentado e comprovado, nega concessão de novo visto”, finaliza o executivo.
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