Nesta terça e quarta o passeio dos hoteleiros à capital federal terá mais um capítulo. Após inúmeras visitas a parlamentares em função da mobilização coletiva pela preservação do PERSE, desta vez a oportunidade será uma agenda de ação junto ao Senado Federal no sentido de reverter aspectos aprovados no âmbito do texto aprovado da Reforma Tributária na Câmara de Deputados, estes entenderam como desfavoráveis à hotelaria.
Na última lista atualizada, registramos um total de 101 pessoas confirmadas para visitas aos gabinetes de senadores na Capital Federal, a grande maioria delas representantes dos estados do Nordeste.
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Confira abaixo os principais pontos de atenção e impactos da Reforma Tributária
A reforma tributária está em estágio avançado. A Emenda Constitucional 132/2023 foi aprovada em dezembro do ano passado. O principal projeto de lei regulatória (PLP 68/2024) foi aprovado na Câmara dos Deputados e atualmente tramita no Senado, onde tramitará até novembro deste ano.
A reforma altera completamente os impostos sobre o consumo. Os atuais ISS, ICMS, IPI, PIS e COFINS serão extintos a partir de janeiro de 2027. Serão introduzidos novos impostos: IBS (Imposto sobre Mercadorias e Serviços), CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e Imposto Seletivo (IS). A taxa geral combinada de IBS e CBS é estimada entre 27% e 28%. Esses tributos serão não cumulativos, à semelhança do regime do ICMS, onde o IBS/CBS pago nas aquisições realizadas por uma empresa será compensado com o IBS/CBS a ser recolhido sobre as vendas daquela empresa.
Atualmente, os hotéis estão em regime cumulativo, sendo que o ISS (limitado a 5%) e o PIS/COFINS (alíquota de 3,65%), apresentam baixa relação entre os insumos adquiridos e a receita de vendas, resultando, portanto, em poucos créditos a serem compensados no novo regime. A alíquota IBS/CBS de 28% resultará em aumento significativo da carga tributária, aumento dos preços ao consumidor, redução da demanda, competitividade e lucros para a indústria hoteleira brasileira. Estudos preliminares indicam que este aumento de preços poderá atingir até 90% dos preços actuais, o que suprimiria gravemente a procura.
A hotelaria ganhou direito a um regime diferenciado na Emenda Constitucional 132/2033, que poderá prever mudanças no sistema e redução de alíquotas de impostos. Porém, no PLP 68/2024 aprovado pela Câmara, a previsão é de redução da alíquota que mantém a carga tributária média do setor de hotelaria e parques, calculada considerando os tributos incidentes direta e indiretamente sobre bens e serviços adquiridos pelo setor .
Proposta brasileira usa taxas altas
A fórmula é imprevisível, sem uma metodologia clara, e pode resultar numa elevada taxa de imposto devido à inclusão de impostos indirectos em cascata.
Os países que adotam o IVA (Imposto sobre Valor Agregado), referência do IBS/CBS, utilizam alíquotas inferiores à proposta brasileira e, em geral, reduzem essa alíquota para a indústria hoteleira. Na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), a redução média é de 62,8%, com uma taxa efetiva em torno de 11%. Trabalhamos para uma redução de 60% na alíquota hoteleira, resultando em um valor próximo à média da OCDE de 11%, visando a competitividade internacional e atraindo turistas estrangeiros e incentivando os turistas brasileiros.
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O PLP (Projeto Complementar) proíbe que empresas contratem créditos IBS/CBS para serviços hoteleiros. Assim, o aumento do IVA será repassado ao preço final, reduzindo a demanda do turismo de negócios e afetando outras cadeias produtivas relacionadas, como o setor de eventos.
Os hotéis cadastrados no SIMPLES Nacional também serão afetados. Estas empresas não poderão obter créditos pelas suas compras, resultando num custo efetivo superior ao dos concorrentes fora do regime. Além disso, não há garantia de que as taxas de imposto atuais serão mantidas sobre as suas receitas em 2024.
“Gostaria de agradecer ao Dr. Huilder Magno de Souza e Advogados Associados e ao escritório Lima & Volpatti Advogados Associados, ambos de Brasília, pela contribuição no texto desta coluna”
Maarten Van Sluys (Consultor Estratégico em Hotelaria – MVS Consultoria)
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