Independência ou Morte? O que queremos 202 anos depois do famoso grito às margens do Rio Ipiranga? Foi este movimento emblemático, que resultou no processo de independência do Brasil de Portugal, que uma vez declarado, o nosso país, tornou-se uma monarquia e o passo seguinte foi a coroação de D. Pedro I.
D. Pedro de Alcântara, em seu primeiro reinado, tomou essa atitude, no dia 7 de setembro, às margens de um rio, o Ipiranga, na cidade de São Paulo, que é o que conta a história!
Em suma, as medidas modernizadoras implementadas durante o reinado de D. João VI, a consequente elevação à condição de Reino Unido em 1815, que retirou o Brasil da condição de colónia, a Revolução Liberal do Porto, em 1820, que exigiu a o retorno do rei a Portugal, foram fatores que levaram D. Pedro I ao cargo de Príncipe Regente do Brasil.
Nesta altura e com os ânimos aquecidos, os tribunais portugueses exigiam a revogação das medidas aqui implementadas, através da actuação de D. João VI e queriam mesmo o regresso do príncipe regente ao seu país.
Os caminhos para a Independência
Atrevo-me a imaginar, que já bem “brasilianizado” e com uma certa resistência aos desejos portugueses, D. Pedro I não piscou e com o fatídico “Dia do Fico”, informou que permaneceria no Brasil e imediatamente, em “ Compra-se”, determinou. Foi assumido que as encomendas portuguesas só seriam realizadas no Brasil com a sua aprovação.
Daí o famoso grito de independência, cuja veracidade é questionada por muitos, ocorreu às margens do rio Ipiranga, em 7 de setembro de 1822. Para a aclamação de D. Pedro como Imperador, foi um salto. No mês seguinte, 12 de outubro, o até então Príncipe Regente foi proclamado Imperador e em menos de dois meses foi coroado D. Pedro I.
Aparentemente, os brasileiros não ficam quietos desde sempre! Após a declaração de independência, ocorreram conflitos nos estados do Pará, Maranhão, Bahia e Cisplatina, nome dado a uma pequena província do império português e posteriormente brasileiro, que compreendia o Uruguai. O local também era conhecido como Banda Oriental.
A ocorrência da independência está diretamente relacionada com acontecimentos iniciados na primeira década daquele século, ano em que a família real portuguesa veio para o Brasil, assustada pela invasão francesa de Portugal e foi aí que tudo começou.
Aqui, em solo brasileiro, a presença real provocou muitas mudanças que contribuíram para o desenvolvimento comercial e econômico. É justo dizer que também contribuiu para a independência, naturalmente. Nesse período, o processo de desenvolvimento do Brasil foi efervescente, graças à atuação visionária de D. João VI, rei de Portugal.
Com ela, foi autorizada a abertura dos portos às nações amigas, fator que contribuiu para o desenvolvimento da economia devido às relações comerciais entre brasileiros e ingleses.
Nas suas atitudes visionárias, o então Rei de Portugal confirmou uma clara intenção de modernizar o país. A intenção era fazer com que o Brasil saísse da condição de colônia, mas de fato, aparecesse como parte integrante do Reino de Portugal.
Ao decretar a elevação do Brasil a parte do Reino Unido, D. João VI confirmou formalmente esta integração.
Um rei ousado
Em terras muito diferentes de sua origem, imagino que D. João VI tenha sido um rei atípico, preso aos percalços característicos de sua família, mas disposto a fazer do Brasil uma terra mais culta e próspera. Com pouco tempo de permanência aqui, o rei já incentiva o interesse da população pela educação e investe na inclusão da literatura brasileira no ensino público.
Apesar das dificuldades dos séculos passados, completamente sem aparatos tecnológicos, D. João VI promoveu ações que disponibilizaram recursos para a instalação de equipamentos culturais e educativos, gerando oportunidades de desenvolvimento em vários pontos do país.
O nosso rei foi um clássico intelectual “atualizado”, que com atitudes acertadas deixou clara a sua perspectiva de modernização do país, caso contrário o selo de “colónia portuguesa” ficaria cada vez mais fortalecido e esta não era a sua expectativa.
Decretar a elevação do Brasil a parte do Reino Unido sugeriu mudanças ousadas e com esta iniciativa o país logo passou a ser chamado de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Aparentemente um fato bobo, mas cumpriu o objetivo de evitar que o Brasil seguisse o caminho da fragmentação revolucionária, sabiamente e com o exemplo que aconteceu na relação entre os Estados Unidos e a Inglaterra, ficou claro que não seria bom.
Mas estamos no Brasil, não é mesmo, pessoal!!
As revoluções
Mesmo com os avanços percebidos com a presença real aqui, as manifestações de insatisfação foram pontuadas pela revolução pernambucana de 1817. O aumento em grande escala dos impostos e a interferência na administração daquela capitania foram atribuídos à presença da família real aqui. .
Naquela época, as revoluções eram reprimidas com violência e na Pernambucana não foi diferente, mas D. João VI, anos depois, teve que conviver com as crises e insatisfações em Portugal.
Mais revolução, desta vez no Porto em 1820, que, aliás, foi o pontapé inicial para o processo de independência do Brasil.
A burguesia portuguesa, focada nos ideais liberais, incomodada com as transformações positivas que ocorriam no Brasil e magoada pela sua vaidade por não ter a presença do Rei em solo português e, portanto, o título de sede do império português, insistiu na regresso do rei para Portugal.
O Brasil avançou com o fortalecimento da sua economia, mas a exigência portuguesa pelo monopólio comercial de Portugal sobre o Brasil ganhou força. Isto, claro, não foi bem recebido aqui, pois também era claro o interesse de Portugal em tratar o Brasil como uma colónia.
D. João VI, coitado, pressionado pelo movimento em Portugal, optou por regressar à Europa e com ele foi uma multidão, bem como muitas riquezas em forma de ouro e diamantes. Embora já tenha mencionado isso, foi nesse momento que D. Pedro I se tornou Príncipe Regente do Brasil.
Dia de ficção
As medidas impopulares aos olhos brasileiros, por parte das cortes portuguesas e a insistência em exigir o retorno também do Príncipe Regente a Portugal, deram força ao pensamento da independência.
Com uma sequência de acontecimentos e a chegada da ordem, que exigia o regresso do príncipe a Portugal em 1821, motivou-se a criação do Clube da Resistência. (Observe que esse termo é usado insistentemente até hoje em alguns nichos, eita!).
Aqui o movimento foi contrário, então em janeiro de 1822, em audiência no Senado, foi entregue a D. Pedro um documento com mais de 8 mil assinaturas exigindo, da mesma forma, a permanência do príncipe regente no Brasil.
D. Pedro I, que supostamente gostava da boa vida e não gostava muito de obedecer ordens, comovido com este apelo do senado e não hesitou, logo deixou seu legado histórico com a célebre frase: “Como é para o bem de todos e para a felicidade geral da nação, estou pronto; diga às pessoas que eu fico”.
Você saberá se essas foram as palavras que ele realmente usou, mas como gostamos de divulgar os fatos, crescemos aprendendo assim, certo?!
E o Brasil continua, para melhor ou para pior
Como esperado, a sucessão de acontecimentos nos momentos seguintes foram responsáveis por incitar uma ruptura com Portugal no Brasil.
E a partir daí, meus caros leitores, inúmeros fatos se desenrolaram e moldaram a trajetória social e histórica do nosso país. O fato é que em 2024 já temos um século 20 inteiro e chegamos aos primeiros 25 anos do século 21 e como todos sabemos o povo brasileiro não está tranquilo.
As revoluções continuam, as divergências continuam, as lutas pelo poder continuam, o Brasil continua crescendo desenfreado em alguns aspectos e é amplamente podado em muitos outros por interesses políticos e econômicos e nós, pobres mortais, permanecemos aqui em nossos cantinhos da sociedade brasileira , observando passagens históricas, factos comerciais significativos, processos de desenvolvimento, corridas à industrialização, mas o que nos falta é um cérebro privilegiado como o de D. João VI.
Infelizmente, herdamos muito mais os hábitos mundanos e, por vezes, irresponsáveis do príncipe regente, do que a visão desenvolvimentista, intelectual, culta e futurista do seu pai, o Rei, que regressou a Portugal e levou consigo a esperança de um Brasil séculos mais tarde, mais inteligentes, mais dinâmicos, mais honestos e socialmente mais justos.
O dia 7 de Setembro continua a ser uma data emblemática e significativa para todos nós, mas admito que ainda existem muitos “príncipes governantes” por aí, que preferem “aproveitar o feriado”, em vez de compreenderem os factos e a auto-estima. serviço e movimento político que nos trouxe até aqui, nosso cenário atual.
Por estas e outras razões, aqui permaneço, no meu quotidiano com ações em torno da produção de atividades e ações culturais e turísticas, tentando contribuir para um processo sincero de desenvolvimento dos territórios e das pessoas em todo este país.
Mas agora com o advento da internet, com o mundo na palma das mãos, estou analisando os conflitos de poder no Brasil, a falta de oportunidades na educação, o crescimento da cultura do bem-estar, o emburrecimento forçado da população e tantas outras coisas que suplantam os fatos positivos, que todos os dias me deito para descansar, mas me pego refletindo, até quando valerá o esforço de tantos?
202 anos depois: independência ou morte?
Como também gosto de música, usei a letra do Hino da Independência, que é uma música criada em homenagem à Independência do Brasil, com letra baseada no poema do escritor Evaristo da Veiga, que apoiou o movimento independentista, para confirmar o título que dei hoje a este texto.
“Filhos, agora vocês podem ver sua gentil mãe feliz; a liberdade já raiou no horizonte do Brasil. Brava povo brasileiro! Vá-se o medo servil, ou a Pátria seja livre, ou morra pelo Brasil. As algemas que nos forjaram, Da perfídia astúcia… houve mão mais poderosa… O Brasil zombou delas; Não temas falanges ímpias, que apresentam rosto hostil; seus peitos, seus braços são os muros do Brasil; parabéns, ah! Brasileiros! Agora, com graça viril, o universo entre as nações resplandece o do Brasil“
E então me pergunto, 202 anos depois, o que será mais apropriado, a independência ou a morte? Reflita aí.
Antes de encerrar, preciso dar crédito pela minha pesquisa histórica aoites Brasil Escola e Tudo importa quais foram as fontes fundamentais para a criação do conteúdo de hoje.
Até a próxima.
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