Quando se pensa em Minas Gerais é impossível não pensar em queijo. Principalmente aquele queijo que só é produzido em solo mineiro: o Queijo Minas Artesanal. Além da memória afetiva e do sabor marcante, o Queijo Minas Artesanal é história viva, preservando a tradição de diversas famílias que sobreviveram através do queijo e fizeram dele uma parte tão importante do estado. Algo tão único precisa ser reconhecido à sua maneira. As Formas de Fazer Queijo Minas Artesanal foram reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais (limitado à região do Serro) em 2002 e, posteriormente, em 2008, Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Atualmente, em 2024, encontra-se na reta final da sua candidatura ao título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
Até a avaliação, que acontecerá durante a 19ª Sessão do Comitê Intergovernamental da UNESCO, na primeira semana de dezembro, em Assunção, no Paraguai, o Governo de Minas Gerais lançou a campanha “Uma tradição única no mundo: Queijo Minas Artesanal rumo ao título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO”que envolveu ações como a apresentação de um novo selo, um evento na Praça da Liberdade, uma press trip e ações promocionais em feiras de turismo. A campanha começou no dia 19 de outubro e vai até dezembro, véspera da avaliação.
A campanha é resultado de um trabalho conjunto entre a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) e a Comissão de Promoção e Divulgação da Candidatura de Formas de Fazer Queijo Parceiros do Minas Artesanal. Também faz parte da promoção do Ano da Culinária Mineira – Clássica e Contemporânea.
Dentre as diversas ações de divulgação nacional e internacional da campanha, o Queijo Minas Artesanal foi apresentado no dia 25 de outubro no BTM – Brazil Travel Market, em Fortaleza, com o objetivo de fortalecer e divulgar a importância que este título trará aos produtores mineiros, por Minas Gerais e Brasil. O Queijo Minas Artesanal será o primeiro alimento reconhecido e representativo da gastronomia brasileira, valorizando a cultura, o turismo e, principalmente, a economia criativa.
“Essa ação visa fortalecer o sistema e o modo de produção. Garantir que as famílias mineiras continuem produzindo nossos queijos de forma tradicional, que possamos agregar valor a esses produtos, proteger essa produção e garantir que as novas gerações possam dar continuidade a essa tradição que vem sendo transmitida há vários séculos” , afirma Higor Freitas, gerente executivo da Associação dos Produtores de Queijo Canastra e também membro da Associação Mineira de Queijo Artesanal.
Para o BTM, foram selecionadas cinco regiões de Minas Gerais para apresentarem sua produção. Mesmo seguindo o mesmo modo de fazer, existem diversas interferências que alteram o sabor dos queijos artesanais e os transformam em verdadeiras particularidades. O terroir, a época do ano, o modo de armazenamento, o tempo de maturação, até o calor das mãos que produzem o queijo podem ser influências que deixam o queijo com um sabor único e especial de cada região.
“Nosso Queijo Minas Artesanal tem legislação própria, legislação específica para isso. Dentro desta legislação, possui um tempo mínimo de maturação. Em cada região, varia de 14 dias a 22 dias. Quanto mais tempo o queijo permanece em maturação, mais ganha sabor, mais enriquece os sabores, aromas e texturas. É muito importante lembrar que este queijo é feito com leite cru. Portanto, nele está toda a microbiota da região onde está colocado. As bactérias lá estão vivas. Então, o queijo, quanto mais amadurece, mais fica rico, mais ganha sabor, mais ganha força. E muitos apreciadores de queijo dizem que o queijo está ficando poderoso”, aponta José Ricardo Ozório, vice-presidente da Associação Mineira dos Produtores de Queijo Artesanal (Amiqueijo).
O Governo de Minas se comprometeu a incluir as Formas de Fabricação do Queijo Minas Artesanal na Lista Representativa da UNESCO com ações contínuas no Brasil e no exterior desde 2022, quando foi lançada a primeira campanha internacional pelo título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Em parceria com o Governo Federal, esta candidatura foi apresentada nesse ano durante a 17ª Sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO, em Rabat, Marrocos.
E em março de 2023 isso foi oficializado com a entrega do dossiê pela Delegação Permanente da UNESCO em Paris ao Secretário da Convenção do Patrimônio Imaterial, Tim Curtis. A ação foi resultado de uma coordenação entre o Iepha-MG e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). As Secretarias Estaduais de Cultura e Turismo e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais também uniram forças; a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG); Rede Minas; e a Associação Mineira dos Produtores de Queijo Artesanal (Amiqueijo).
Símbolo da identidade cultural mineira, os Modos de Fazer Queijo Minas Artesanal, mais do que um alimento, representa tradição e tem importante contribuição para o desenvolvimento social e econômico do estado.
Impacto no Turismo
Um bom reconhecimento faz toda a diferença no turismo de uma região. Para os turistas, nada mais autêntico do que conhecer e vivenciar uma produção reconhecida pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade no seu território natural, seguindo uma tradição secular durante a sua produção.
“O turismo de experiência avançou muito no meio rural. As pessoas estão tentando conhecer a nossa realidade no campo. O ambiente é mais bucólico, mais tranquilo. Reunir todos esses elementos torna a viagem agradável. Mais a possibilidade de passar uma noite numa quinta, ver o queijo a ser feito, ver como se produz o queijo, a forma de o fazer, esta forma que é património”, afirma José Ricardo.
Reconhecer que uma forma de fazer as coisas é natural de uma região e que dessa forma mantém viva a memória de diversas famílias, além de preservar a cultura local, também é um grande atrativo turístico. Ações deste tipo demonstram a importância da associação da cultura e do turismo. A cultura atrai visitantes, mas é através do turismo que diversas famílias conseguem obter uma fonte de renda complementar, que pode até se tornar a principal, transformando não só o ambiente para receber os turistas, mas desenvolvendo-o para quem habita o território, visando sempre não remova a autenticidade local.
A cultura por si só não é necessária para atrair turistas, para que o turismo aconteça é preciso que haja infraestrutura adequada. Os turistas carecem de acomodações confortáveis, refeições, hospitalidade e outras motivações para permanecer mais tempo no destino turístico. Portanto, os produtores locais que desejam transformar o seu produto e forma de fazer em uma atração turística precisam se conectar com o setor privado e as autoridades públicas locais, para que juntos possam construir um território projetado para atrair turistas e incentivá-los a permanecer por um período de tempo. muito tempo. determinado período de tempo.
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Ações como a promoção do Queijo Minas Artesanal, que criam uma interação entre o produtor, o setor privado e o poder público, são grandes incentivos para o bom funcionamento da cadeia produtiva do turismo. Desta forma, operadores, agências e recepcionistas podem se conectar com os produtores locais, ajudando a construir narrativas que motivem os turistas a viajar e permanecer na localidade, ao mesmo tempo que ajudam os próprios produtores a construir uma estrutura adequada para receber e permanecer turistas. turista. Este é apenas um exemplo de como no turismo uma mão sempre lava a outra e o setor precisa trabalhar em conjunto para que o resultado seja positivo.
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