De acordo com relatórios publicados recentemente, a indústria global do turismo desportivo gerou 557 mil milhões de dólares em 2022, sendo um dos segmentos de turismo que mais cresce atualmente (em média 18% ao ano), prevendo-se que atinja 1.804 mil milhões de dólares até 2030. Em 2023, o Só os Estados Unidos registaram 227 milhões de visitantes relacionados com desporto, gerando 78 milhões de noites vendidas em hotéis. O mercado do turismo desportivo, tal como todos os outros segmentos do turismo, foi duramente atingido pelas restrições de viagens relacionadas com a COVID-19, mas com uma rápida recuperação a partir de 2022 devido aos muitos eventos retidos ao longo do período crítico.
Dito isto, ao contrário das reuniões corporativas, os eventos desportivos que não sejam esports não podem ser realizados online. Como resultado, uma vez estabilizada a situação em torno do Coronavírus e implementadas medidas de precaução, as viagens relacionadas com o desporto foram rapidamente retomadas, proporcionando o impulso perfeito para a recuperação do sector hoteleiro.
O Intercontinental Hotels Group (IHG), dono do Holiday Inn, Crowne Plaza e outras marcas, por exemplo, afirma que um terço de todas as reservas de grupos nos seus hotéis no ano passado vieram de viagens relacionadas com desporto, destacando a importância da procura do segmento.
Grandes eventos garantem fluxo significativo
Eventos esportivos globais, como a Copa do Mundo FIFA, Jogos Olímpicos de verão e inverno, corridas de Fórmula 1, campeonatos mundiais e continentais das mais diversas modalidades esportivas, por exemplo, garantem um fluxo significativo de visitantes ao destino-sede e seu entorno, atraindo visitantes internacionais e espectadores nacionais, sem esquecer de mencionar as acomodações geradas por delegações de atletas, árbitros, dirigentes participantes e também equipes de mídia para cobertura jornalística.
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Esses megaeventos são catalisadores do aumento da demanda hoteleira durante o período especificado. A Copa do Mundo FIFA de 2014, realizada no Brasil, por exemplo, atraiu mais de um milhão de viajantes internacionais e 3 milhões de espectadores nacionais. A ocupação hoteleira no Rio de Janeiro aumentou 18 pontos percentuais entre maio e julho de 2014 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Já durante a Copa do Mundo FIFA de 2018 na Rússia, a ocupação hoteleira em São Petersburgo quebrou todos os seus recordes, saltando para 88% em junho, julho a agosto de 2018. Os hotéis em Moscou também registraram uma média impressionante de 87,4% de ocupação durante o período do futebol. evento.
Esta tendência continuou logo após a pandemia, quando as viagens foram retomadas. O tão aguardado torneio de tênis de Wimbledon, na Inglaterra, realizado em junho de 2021, foi limitado aos espectadores nacionais. Ainda assim, ajudou os hotéis de Londres a recuperar o seu desempenho, mantendo a ocupação em torno de 67% ao longo do período.
A Fórmula 1, com a sua crescente base de fãs, também impulsionou a procura nas cidades que acolheram corridas de Grande Prémio. A Austrália, que impôs as proibições de viagens mais rigorosas desde março de 2020, reabriu as suas portas aos viajantes internacionais em fevereiro de 2022. O Grande Prémio de Melbourne foi um dos primeiros eventos desportivos do país a receber fãs após a pandemia. Os hotéis em Melbourne esperavam que a ocupação atingisse 85%, mas surpreendentemente saltou para notáveis 96%. Montreal registrou 83% de ocupação no Grande Prêmio de junho de 2023, assim como São Paulo, que superou os 90 pontos percentuais com excelente diária média.
Turismo desportivo traz bons ventos para o futuro
Otimismo semelhante rodeia a Copa do Mundo FIFA de 2026, que será realizada pela primeira vez em três países (Estados Unidos, Canadá e México), levando os jogadores da hotelaria a se comprometerem com metas de vendas mais elevadas do que as alcançadas nas Copas do Mundo FIFA. Mundial de 2014, 2018 e 2022. Há um desenvolvimento significativo de infraestrutura e oferta hoteleira em andamento para acomodar a demanda de visitantes de 45 países, além dos das 3 sedes, que disputarão o torneio.
No Brasil, o turismo esportivo e de aventura ainda são nichos com grande potencial de desenvolvimento que precisam melhorar sua infraestrutura por meio de melhor logística entre as principais cidades e capacitação de mão de obra para atender às demandas do público visitante segmentado. Entre outros gargalos estão o domínio do idioma e o amplo conhecimento dos hábitos e costumes dos turistas vindos de países considerados mais “exóticos”. Durante a Copa do Mundo de 2014, houve uma clara falta de preparação para lidar com algumas questões cruciais, como preferências alimentares específicas e comunicação oral e escrita com os convidados.
Diversos eventos esportivos catapultam a atuação dos hotéis nas cidades onde são realizados. A ocupação em Belo Horizonte este ano passou de 67% em fevereiro (mês de carnaval) para 78% em março e abril, quando a capital mineira sediou repetidas partidas de futebol da Copa Libertadores e da Copa Sul-Americana, além de torneios nacionais, subindo ainda mais para um número notável 82% em maio, maior patamar para o mês na série histórica. A ocupação nestes meses contribuiu decisivamente para a recuperação da ocupação média aos índices pré-pandemia agora registrados e projetando crescimento real da ocupação, diária média e RevPar em relação a 2019.
Desempenho do Brasil em relação ao turismo esportivo
O Brasil, sendo uma nação esportiva por excelência, já sediou com sucesso diversos grandes eventos esportivos internacionais, como a já citada Copa do Mundo de futebol, Jogos Pan-Americanos, Campeonatos Mundiais de vôlei de praia e de salão, Grande Prêmio de Fórmula 1, entre muitos outros. . Esses eventos possibilitaram o desenvolvimento, ainda que moderado, de equipamentos e infraestrutura, contribuindo para o progresso da economia brasileira e a geração de empregos. Contudo, o turismo desportivo, em todas as suas ligações, ainda tem um enorme potencial a ser explorado.
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Os governos federal e estadual ainda não perceberam claramente a sua importância e a necessidade de empreender iniciativas para promover e desenvolver diversos esportes no país. Alguns projectos de infra-estruturas desportivas foram desenvolvidos sob a forma de PPP (Parcerias Público-Privadas) para aumentar a participação do sector privado no desenvolvimento de infra-estruturas desportivas. As instalações incluem academias de treinamento de alto desempenho para atletas, instalações poliesportivas e mais arenas esportivas.
Alguns eventos esportivos internacionais de destaque, como a Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2027, serão realizados em nosso país e através deles a indústria hoteleira também colherá bons resultados. Embora o país se prepare para um crescimento exponencial, como mostram estudos de tendências macroeconómicas, é imperativo que o governo esteja atento a alguns aspectos, como a simplificação de processos para vencer competições com outros países, a regulação, a segurança jurídica e uma fiscalidade atractiva, garantindo assim que organizadores e entidades de eventos esportivos internacionais escolham o Brasil como destino-sede. É também vital que o Ministério do Turismo adopte medidas para divulgar as infra-estruturas disponíveis e futuras em fóruns e feiras, bem como promover o país como um destino desportivo ainda mais atraente. Essas iniciativas darão ao setor hoteleiro brasileiro o impulso necessário para realizar investimentos em formação que contribuirão, em certa medida, para o crescimento da economia do país.
“Os eventos esportivos promovem um ambiente vibrante e interativo nas cidades onde são realizados. Uma mistura de culturas, crenças e paixão pelas modalidades em disputa que geram renda momentânea e legados duradouros”.
Maarten Van Sluys (Consultor Estratégico em Hotelaria – MVS Consultoria)
Instagram: mvsluys e-mail: mvsluys@gmail.com WhatsApp: (31) 98756-3754
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