Focados nos holofotes, em busca de um lugar ao sol (ou à mesa), os locais gastronômicos buscam atrair seu público de diversas formas, muitas vezes sem uma boa referência e tropeçando no erro de criações extravagantes, como pratos com excesso de queijo. , sobremesas exageradas e cheias de açúcar; no erro de menus com opções infinitas; de estrangeirismos desnecessários, em que o toque oriental virou o novo chique, mas acabam sendo mais do mesmo. Contrariando esta tendência, a cozinha da simplicidade.
Um piquenique no meio do jardim botânico parece ser a definição de uma nova cozinha mundial, uma cozinha baseada na simplicidade que vai desde a escolha do local até receitas e ingredientes o menos processados possível. Ou seja, mais próximo do produtor, onde a gastronomia brasileira com seus insumos e receitas simples pode estar na vanguarda, vem ganhando espaço nas solicitações de clientes exigentes, e busca reconhecimento do público em geral, e premiações.
Um café, por favor! Mas sem pressa.
Viva mais momentos em contato com a natureza, entre amigos e acima de tudo: com o tempo. Em Brasília, uma das cidades mais populosas do Brasil com quase 3 milhões de habitantes, criada e recriada nas perspectivas arquitetônica e prática, um café imerso no Jardim Botânico vai contra qualquer correria de uma grande cidade e resgata momentos lúdicos na natureza, oferecendo tranquilidade e boa culinária.
O Jardim Bom Demais resgata a simplicidade conduzida no local, em toalhas e mesas na grama, em receitas com ingredientes simples e bem brasileiros em um delicioso piquenique. Tapioca, cuscuz, bolos caseiros. Entre grandes árvores, o café acolhe grupos curiosos por uma boa refeição, mas também dispostos a serem surpreendidos pela comida simples, saudável e bem confecionada. Iogurtes caseiros, queijos e receitas veganas.
Demandas sustentáveis
O Café do Jardim Botânico de Brasília é um retrato das novas demandas que anseiam por uma alimentação boa e saudável, ao mesmo tempo que revela o que será a nova culinária mundial, baseada na simplicidade e no consumo mais consciente. Menos gorduras saturadas, menos açúcar, nada de alimentos ultraprocessados.
Nessa linha, o Guia Michelin, prêmio de turismo gastronômico com mais de 100 anos de tradição, trouxe a sustentabilidade em suas narrativas e fiscalizações. Em 2020, ao premiar restaurantes que se preocupam com processos sustentáveis, a Michelin dá um passo importante rumo a esta nova ordem gastronómica global e aponta para uma nova perspetiva sobre o futuro do setor. A estrela verde chegou ao Brasil pelas mãos dos chefs Janaína Torres e Jefferson Rueda com “A Casa do Porco”.
Brasil assume a liderança
O Brasil pode ser um grande exemplo mundial de gastronomia que valoriza a culinária simples, os insumos genuínos e a proximidade com o produtor. Mas o país ainda possui produtos pouco conhecidos mundialmente, como a própria mandioca, uma variação da mandioca; O brasileiro pesca em quase 7.400 km de litoral e em uma infinidade de rios.
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Temos pequenos produtores com insumos únicos e uma variedade regional peculiar dado o tamanho do nosso país; temos a cultura de cozinhar na panela; temos ingredientes ricos em nutrição, sabor e gourmetizáveis, além da criatividade que nos torna um povo diferente dada a nossa miscigenação peculiar.
Brasília, capital do país, foi planejada para manifestações cívicas e para representar diversas regiões do centro-oeste. É também um exemplo de brasilidade enogastronômica, ao apresentar ao mundo o território do Cerrado em vinhos genuinamente locais. Mais uma vez surpreende com um café, num lindo jardim, verde como o do Brasil. A simplicidade da nova ordem culinária, na minha opinião, dita que comida boa é comida saudável e a comida brasileira sai na frente. Só precisamos que nós mesmos, o público (e os prêmios), vejamos isso. O Jardim, por aqui, já é bom demais.
Thiago Paes é colunista de turismo gastronômico e apresentador de TV do Travel Box Brazil. Está nas redes sociais como @paespelomundo
e-mail: contato@paespelomundo.com.br
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