Existe um ditado no turismo que diz: “para ser bom para o turista, precisa ser bom para o morador”. Nos últimos meses tive acesso a uma série de materiais, artigos e relatos de experiência sobre o excesso de turistas em determinados destinos, em alguns casos, agravado pelo mau comportamento de muitos deles.
É curioso pensar que, enquanto há destinos ainda por descobrir, desenvolvendo estratégias para aumentar a sua quota neste mercado, em muitos outros, há uma acção contrária, que leva a um pedido, por vezes de ajuda, devido a um abrandamento no volume de visitantes. Como definir os limites entre a experiência turística e a vida quotidiana? Qual a linha entre investimentos em turismo, geração de riqueza, preservação de destinos, culturas, espaços naturais? E claro, qual o papel de cada um dos atores envolvidos nessa equação?
As inúmeras possibilidades de viagens, o acesso a informações e dados de diversos destinos, o advento de padrões de trabalho flexíveis, com trabalho remoto ou mesmo o nomadismo digital, vêm criando diferentes nichos de mercado e influenciando a experiência turística, trazendo novas variáveis para reflexão e claro, novos modelos de negócios.
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A criação de ferramentas e plataformas de aluguer temporário, por exemplo, expandiu as oportunidades a longo prazo, ao mesmo tempo que implica uma maior concorrência, entre a população local, por habitação de qualidade e a preços acessíveis nas cidades turísticas.
A facilidade de catalogação de diferentes serviços em aplicativos, sites e outras ferramentas digitais, dá luz a lojas, restaurantes, bares e indicadores de atendimento, fora dos eixos tradicionais, incluindo outros atores e regiões da atividade turística.
A inclusão dos setores criativos, e toda a possibilidade de interação entre os seus profissionais e a atividade turística, faz com que novos produtos sejam formatados, ampliando a oferta e contribuindo ainda mais para o desenvolvimento da atividade.
Porém, o que começa como uma oportunidade, inovação e renovação de produtos e serviços, e consequentemente, dos destinos, também pode levar a um aumento descontrolado de turistas. Isto impacta diretamente na utilização dos serviços locais, começando pelas atividades turísticas, mas atingindo questões de transporte público, serviços de saúde, entre outros.
O impacto no trânsito, a dificuldade na obtenção de moradias economicamente viáveis, o aumento dos preços dos itens básicos, a dificuldade na realização das atividades diárias, os impactos na cultura local, o mau comportamento dos turistas em cerimônias e eventos religiosos, o excesso de sujeira e lixo, fazem com que muitos moradores comecem a desenvolver repulsa pela actividade turística.
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Para resolver ou minimizar estas questões, é importante o envolvimento de todos os intervenientes locais. Propor e desenvolver políticas públicas para incentivar ações turísticas conscientes; participação de empreendedores com compartilhamento de dados, informações sobre marketing e promoção; apoio de organizações do terceiro setor para monitoramento, propostas e implementação conjunta de atividades.
Entendo que não se trata de uma equação simples, porém é preciso abordar o tema sem medo ou escrúpulos. Equilibrar ações promocionais, desenvolver iniciativas de distribuição de demanda ao longo do ano, monitorar a demanda e concretizar vendas, estabelecer políticas públicas e legislações específicas são estratégias relevantes. De qualquer forma, é importante destacar que, na minha opinião, ainda existe um enorme gargalo a ser preenchido e que poderá ser uma oportunidade para inovação.
Com tantas ferramentas digitais de promoção, que oferecem acesso aos mais diversos serviços e produtos turísticos, desde compra de passagens aéreas, reserva de restaurantes, passeios, monitoramento de filas, ingressos antecipados, ainda não temos como estabelecer ferramentas que, somadas à inteligência de mercado, cooperação institucional, processamento de dados, podem dar indicações, tanto aos potenciais turistas, como aos gestores e empresários, de fluxos, demandas e antecipação de problemas como a superlotação?
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Não seria a cooperação entre destinos, por vezes concorrentes, uma opção para distribuir turistas pelo globo, descentralizando demandas, incentivando trocas de experiências e trazendo benefícios para mais pessoas, instituições e empresas?
Se a discussão sobre o turismo responsável é crescente, incluindo as contribuições do sector para o alcance dos 17 objectivos de desenvolvimento sustentável da ONU, é urgente trazer este debate à luz para que o turismo possa realmente ser um agente transformador, no entanto, tal como qualquer outro sector económico, entenda que deve tratar também de pontos de atenção e mensuração de impactos, sejam eles ambientais, sociais ou econômicos.
A questão não é simples, porém, é alarmante, exige ação dos destinos, dos empresários, das instituições e da liderança dos agentes globais, como a própria ONU-Turismo, a Rede do Pacto Global, Unctad, OCDE, entre outros. Afinal, para fechar o texto, e despertar a reflexão, entendo que uma terceira máxima que precisamos trazer para o debate é: pensar global e agir local.
E você? Como você percebe a atividade turística na sua cidade e como você se comporta quando é turista?
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